Terça-Feira, 29 de outubro, 9h.
Tenda da Mangueira.

A Oficina

A oficina de confecção de bonecas Abayomi convida cada participante a aprender a confeccionar uma boneca negra. Em seguida faremos uma roda de conversa sobre os diversos sentidos no processo de construção das Abayomis, numa dinâmica sensível que buscará intercalar socialização, consciência ecológica, de gênero, racial, entre outros temas transversais.

Esta oficina tem como proposta a confecção da Abayomi, uma boneca negra feita a partir de retalhos trançados, enrolados e amarrados, não sendo necessário o uso de cola ou costura, apenas de tesoura. Uma vez que promove a reutilização de material, não há custos. A denominação abayomi é de origem ioruba, idioma falado principalmente na África Ocidental, e significa aquele que traz felicidade ou alegria, representando tanto o gênero feminino quanto masculino. (Abayomi quer dizer encontro precioso: abay = encontro e omi = precioso).

Martins, mais conhecida como Lena Martins, artesã maranhense que migrara para o Rio de Janeiro aos oito anos de idade. Educadora popular e militante do Movimento de Mulheres Negras, em dezembro de 1989 Lena foi também fundadora da Cooperativa Abayomi, um coletivo feminino de artesãs. Vale ressaltar que esse período fora marcado por intensos protestos e debates em virtude do centenário da abolição da escravatura. Ou seja, um momento efervescente para os movimentos sociais negros, entre estes aqueles relacionados às especificidades das mulheres negras. Nesse sentido, o fazer abayomi surgiu com a proposta de fortalecer a autoestima e identidade da população negra.

Acerca disto, a criadora Lena Martins afirma:

“O referido artesanato fora criado no final da década de 1980 por Wladilena (…) pra mim, Abayomi ela é uma bandeira poética, eu como militante, eu defino ela dessa forma, porque é um objeto singelo, mas que tem uma, alguma coisa impactante de ser uma boneca totalmente negra que não tem desenho de olho, de boca, nem de nariz. E o objetivo do meu trabalho, é fortalecer a autoestima da população afrodescendente e, dessa forma, por mais simples que seja, estar contribuindo pra eliminação do racismo, essa é a, é a meta principal do meu trabalho, essa é a minha forma de estar interferindo na sociedade de alguma forma com o que eu sei fazer. E aí eu vou deixar aqui mais alguma outra coisa que eu gosto de usar bastante, que é, assim, é fazer arte com o que a vida oferece.” (MARTINS, 2010).

Referências:

ESCOBAR, Giane Vargas; GOTTERT, Marjorie Edianez dos Santos. A essência revolucionária em Abayomi: Uma boneca negra de pano em movimento. In SOARES, A. L. R. (Org). Anais do I Congresso Nacional de Memória e Etnicidade. Casa Aberta Editora. Itajaí, 2010.

SILVA, Sonia Maria da. Experiência Abayomi. Coletivos, ancestrais, femininos, artesaniando empoderamentos. Anais do V ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Faculdade de Comunicação. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2009.

As Oficineiras

Larissa Aparecida Camargo do Nascimento, mestranda em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos-UFSCar, contato: lariss.griot@gmail.com.

Tamires Cristina dos Santos, graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos-USFSCar, bolsista PROEXT pelo NuMI-EcoSol, contato: tamirescaleftat@gmail.com